Projeto EMPAO

A “Escola Multidisciplinar Profissionalizante de Artes e Ofícios” (EMPAO) é um projeto do Instituto Goia que visa capacitar anualmente cerca de 40 jovens em situação de vulnerabilidade social, com idade entre 18 e 24 anos, que tenham concluído ou estejam cursando o ensino médio, residentes nos principais municípios da Grande Vitória/ES (Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica e Viana) na arte da restauração de bens imóveis/ patrimônio cultural, através de aulas teóricas e práticas e trabalho monitorado remunerado em obra, buscando aproximá-lo tanto da cultura local quanto do mercado de trabalho e promovendo o espírito comunitário/grupo (socialização), numa perspectiva de educação patrimonial para melhoria da qualidade de vida.

Esse projeto foi elaborado a partir da identificação da escassez de mão-de-obra em restauração, uma vez não existir esse tipo de serviço/empresa no Estado do Espírito Santo e haver uma demanda crescente por parte dos proprietários de imóveis de interesse de preservação para indicação de profissionais qualificados para executar a restauração de seus imóveis.

Envolveu uma equipe formada por arquitetos, assistente social, artista plástico e historiador durante o ano 2001, numa discussão com técnicos da Prefeitura de Vitória (Secretarias de Desenvolvimento Urbano e Ação Social), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN 21ª Regional, do Departamento de Arquitetura da Universidade Federal do Espírito Santo – UFES e do Conselho Estadual de Cultura do Espírito Santo.

A primeira turma, experimental formou-se depois de mais de um ano de aulas teóricas, oficinas e estágio em obra na Praça Oito de Setembro – Centro – Vitória. Essa primeira experiência deu tão certo que a CST/Arcelor Mittal resolveu apoiar definitivamente o projeto e esse fato incentivou a formação de uma estrutura própria – o Instituto Goia – fundado oficialmente em 15 julho de 2003.

A criação de uma Escola Multidisciplinar Profissionalizante de Artes e Ofícios (EMPAO) vem contribuindo, de fato, para a minimização de dois problemas: a falta de mão-de-obra especializada em restauro de imóveis históricos e a falta de qualificação e experiência de jovens em situação de vulnerabilidade social sem oportunidades de emprego.

As experiências das turmas 01 a 17 comprovam a consistência e importância do projeto EMPAO, quando, a partir da capacitação de cerca de 340 jovens, já mostra resultados expressivos tanto na melhoria da qualidade de vida dos jovens envolvidos e suas famílias, como na transformação da paisagem urbana, especialmente do Centro de Vitória com a recuperação do patrimônio histórico edificado que havia ficado abandonado durante vários anos. Até o momento foram realizadas 40 (quarenta) obras de restauração em diferentes municípios do Estado do Espírito Santo utilizando essa mão-de-obra formada pelo projeto.

Apesar de selecionar jovens dos bairros periféricos da Grande Vitória, os alunos formados pela EMPAO podem atuar em todo o estado do Espírito Santo, principalmente em sítios históricos ou cidades e distritos que possuam monumentos de interesse de preservação.

A EMPAO, na sua essência de sustentabilidade, busca colaborar, efetivamente, para o crescimento profissional e pessoal dos jovens envolvidos, aumentando sua capacidade técnica, sua auto-estima, seu padrão de vida e especialmente suas expectativas com relação ao futuro.

Num mundo cada vez mais individualista, o contato obrigatório com um grupo e mais que isso, a necessidade dele, desperta no jovem o sentido de comunidade e dos benefícios que esse processo traz para a construção de sua própria cidadania.

“Através da arte do restauro, o jovem descobre o que está quebrado, o que (lhe) falta, o que (lhe) incomoda e precisa ser modificado/recuperado. É um olhar externo que se complementa no aspecto interior. A preocupação com o detalhe sem se esquecer do todo; o crescimento individual vinculado ao sucesso do grupo. Todos juntos num mesmo objetivo: transformar a cidade e ao mesmo tempo transformar-se…”

Mais objetivamente, o projeto EMPAO, ao oferecer mão-de-obra qualificada em restauro para jovens em situação de vulnerabilidade social, contribui para a recuperação do patrimônio edificado da cidade, trazendo à tona aspectos sociais, culturais e econômicos que muitas vezes estavam escondidos ou desvalorizados em fachadas encobertas e /ou mal cuidadas.

Através da bolsa-estágio e posteriormente contratação do jovem como técnico-restaurador, o projeto traz benefícios econômicos para as famílias dos jovens envolvidos, com o aumento da renda e consequente qualidade de vida. De simples agregado familiar, o jovem passa a ser aquele que arca com a maior parte das despesas da casa, ou seja, passa a adquirir o respeito dos demais membros da família e servindo como exemplo positivo dentro da comunidade em que se insere.

As mudanças comportamentais e o aumento do conhecimento na área de restauro já podem ser claramente percebidas ao final da primeira parte da formação, que dura oito meses. As quantitativas (melhoria da renda e maior empregabilidade) podem ser avaliadas cerca de três meses após essa primeira formação.

Com carga horária total de 900 (novecentas) horas, o curso é desenvolvido durante 11 (onze) meses, sendo oito meses de formação teórica e oficinas (carga horária de 420 horas) e três meses de trabalho monitorado remunerado em obra de restauro (carga horária de 480 horas).

O período de formação inicial compõe-se de diversas disciplinas, onde os alunos desenvolvem habilidades e entram em contato com as diversas vertentes do patrimônio cultural. São oferecidas as seguintes disciplinas/oficinas:

  • História da Cidade;
  • História da Arquitetura Geral;
  • História da Arquitetura no Brasil;
  • Noções de Patrimônio Cultural;
  • Sistemas Construtivos Tradicionais;
  • Desenho de Observação;
  • Desenho Técnico de Arquitetura;
  • Oficina de Marcenaria;
  • Oficina de Pedreiro;
  • Oficina de Pintura;
  • Noções de Segurança do Trabalho;
  • Teoria e Técnicas de Conservação e Restauro.

Durante toda a duração dessa fase do curso, o aluno também tem direito a lanche, uniforme, apostilas e vale transporte.

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